A SPA manifesta o seu sentido pesar pela morte do cineasta Manoel de Oliveira, de 106 anos, associado da cooperativa desde 30 de Março de 1973 e uma das figuras mais marcantes da vida cultural portuguesa ao longo de várias décadas. Era o mais velho cineasta do mundo e manteve-se activo como criador de filmes practicamente até ao fim dos seus dias.
Desde filmes como “O Acto da Primavera” e “Douro, Faina Fluvial” e a longa-metragem “Aniki Bóbó”, de 1942, até ao recente “O Velho do Restelo”, Manoel de Oliveira construiu uma obra extensa e influente que obteve grande reconhecimento internacional e que obteve importantes prémios em festivais. Manoel de Oliveira nascido numa família numerosa do Porto ligada empresarialmente à indústria do vestuário, foi também um atleta de mérito, corredor de automóveis e piloto de aviões, tendo-se destacado sempre pelo seu sentido de humor, exigência cultural, amor à literatura e à história e por uma rara capacidade de reflectir sobre a vidas e as suas lições.
Amigo de escritores como José Régio, Adolfo Casais Monteiro e Agustina Bessa-Luís, não hesitou em levar para o cinema obras como “Amor de Perdição” ou “Vale Abrãao”.
Recebeu, ao longo da vida importantes condecorações e prémios, com destaque para o Prémio Pessoa e para a mais alta categoria da Legião de Honra em França.
Travou uma luta de décadas pelo financiamento dos seus filmes e nunca deixou de se assumir como um cineasta português que amava Portugal, a sua história e o seu povo.
Após a sua morte, importantes publicações internacionais destacaram a importância e a universalidade da sua obra de dimensão e profundidade invulgares que nem sempre o público soube compreender e aplaudir.
Morreu apaixonado pelo cinema com a convicção sentida de que era ele que o fazia viver e mantinha vivo. É indiscutível a sua influência em várias gerações de cineastas que, na hora da despedida, não lhe regatearam aplausos e louvores.
Lisboa, 6 Abril de 2015