A Sociedade Portuguesa de Autores manifesta a sua preocupação e indignação com a situação que esta a ser vivida pela Escola de Música do Conservatório Nacional, forçada, na semana passada, a pedir aos encarregados de educação dos seus alunos donativos para poder pagar as contas correntes relacionadas com as despesas diárias de manutenção. Apesar de algumas obras mais urgentes terem sido efectuadas, os sinais de degradação continuam a ser tristemente evidentes.
Recorde-se que a situação vivida por esta escola de referência do ensino artístico em Portugal se arrasta há demasiado tempo para que possa haver esperança de uma solução eficaz e estável, embora o Ministério da Educação tenha agora garantido o reforço de verbas, atitude que não tranquiliza a directora daquele estabelecimento de ensino.
Considera a SPA que o inacreditável estado de carência e de quase abandono a que foram votados, nos últimos quatro anos, importantes estabelecimentos do ensino artístico em vários pontos do país constitui um sinal alarmante da falta de condições das gerações mais novas para aprenderem música e outras artes e para virem a ser capazes de reforçar, nos próximos anos, a nossa capacidade de afirmação cultural e artística, com resultados compatíveis com os alcançados em anos anteriores. O estado de pobreza e de carência que afecta escolas como o Conservatório Nacional atinge várias gerações de alunos e professores, prejudica seriamente a vida cultural e artística nacional e confirma a situação de subalternidade a que este sector fundamental na formação e preparação das novas gerações foi votado, com todos os prejuízos, daí decorrentes. Recorde-se que países que foram atingidos ao longo das últimas décadas por guerras e outros cataclismos nunca desistiram ou desguarneceram do seu ensino artístico. Isso infelizmente tem vindo a acontecer em Portugal a um nível inimaginável, mostrando que quem não sabe lidar com este sector e com os seus problemas não pode ter responsabilidades estruturais em relação ao ensino da cultura e das artes, para não prejudicar ainda mais o país do que tem sido prejudicado.
Lisboa, 11 de Novembro de 2015