A SPA assinala a passagem do centenário do nascimento do escritor Manuel Ferreira, membro da cooperativa desde Outubro de 1971. Nascido em Gândara dos Olivais, Leiria, em 1917, Manuel Ferreira tem agora o centenário do seu nascimento comemorado no distrito de origem, tendo também uma exposição evocativa da sua vida e obra no Museu José Malhoa nas Caldas da Rainha.
Manuel Ferreira teve uma forte ligação com os países da África lusófona, sobretudo com Cabo Verde, onde viveu, tendo contribuído com os seus ensaios, obras de ficção e docência universitária para uma efectiva aproximação entre escritores das diversas nacionalidades, facto que nunca deixou de ser reconhecido. Foi casado com a escritora caboverdiana Orlanda Amarilis.
Manuel Ferreira também viveu em Goa e viajou pelos vários países de língua portuguesa, assumindo-se em larga medida como um escritor africano de expressão portuguesa.
Como professor universitário e investigador teve colaboração regular em numerosas publicações periódicas portuguesas e estrangeiras. Recebeu os prémios literários Fernão Mendes Pinto pelo livro “Morabeza”, de 1958, Ricardo Malheiros, em 1962, pelo livro “Hora di Bai”, e o Prémio da Imprensa Cultural em 1967, pelo livro “Aventura Crioula”.
Licenciado em Ciências Sociais e Políticas pela Universidade Técnica de Lisboa, Manuel Ferreira publicou textos fundamentais como “Que Futuro para a Língua Portuguesa em África?”, de 1988, assumindo-se como uma das pessoas que mais profundamente reflectiram sobre a evolução da língua portuguesa no espaço da lusofonia.
Fundou e dirigiu a revista “África-Literatura, Arte e Cultura” e as Edições ALAC. Após o 25 de Abril, Manuel Ferreira criou na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa a cadeira de Literatura Africana em Língua Portuguesa.
Tendo-se estreado na vida literária em 1944 com livro de contos “Grei”, Manuel Ferreira, falecido em Linda a Velha em Março de 1992, foi também autor de “Morna”, “A Casa dos Motas”, “Morabeza”, “Hora di Bai”, Voz de Prisão “, “Nostalgia do Senhor Lima” e ” Terra Trazida”, entre outros.
A SPA, empenhada num projecto de cooperação que envolve as sociedades de autores dos países lusófonos, evoca Manuel Ferreira e celebra o seu exemplo e a sua obra, considerando que eles muito contribuem para aproximar os povos e as culturas de língua portuguesa em vários continentes.
Lisboa, 20 de Julho de 2017