O presidente da SPA, José Jorge Letria, foi convidado pela Comissão Parlamentar de Cultura para ser ouvido no parlamento sobre a situação do Acordo Ortográfico e sobre o que, no seu entender, poderá ser feito para que o presente impasse seja ultrapassado. Já em 2013 fora ouvido por aquela comissão parlamentar acerca do mesmo assunto.
José Jorge Letria reafirmou que este processo foi politicamente mal conduzido pelo facto de não terem sido ouvidas entidades tão representativas como a SPA, que teria manifestado a tempo as suas preocupações e reservas. Neste momento, para além de centenas de milhares de alunos já ensinados com base no Acordo Ortográfico, há compromissos culturais e políticos que dificultam o encontro de uma solução. Mas essa solução deverá ser encontrada para que não se prolongue um quadro de incerteza que ninguém serve.
O presidente da SPA revelou que, numa consulta ao universo dos cooperadores, o Acordo Ortográfico foi manifestamente reprovado, razão pela qual a cooperativa dos autores portugueses continua a não o utilizar na sua correspondência e intensa produção de documentos.
Entretanto, é elevado o número de escritores, sobretudo na área da literatura infanto-juvenil, que sabem que a recusa da utilização do acordo penalizará a difusão e a promoção das suas obras.
José Jorge Letria realçou a iniciativa da Academia das Ciências que se mostrou disponível para ajudar a encontrar uma solução linguística que possa contribuir para a superação da actual situação e declarou também que a SPA pode promover alguns debates que ajudem a esclarecer qual é a posição maioritária dos autores que representa. Foi também dito que, havendo uma petição que exige a anulação do Acordo Ortográfico, é importante que o poder político deixe clara a sua posição para que, contra a vontade da maioria dos escritores portugueses, o actual impasse não prevaleça. É também urgente que se saiba qual é neste momento a posição dos restantes países lusófonos sobre o Acordo Ortográfico.
Lisboa, 3 de Abril de 2017
