A SPA manifesta o seu pesar pela morte, aos 84 anos, do realizador António-Pedro Vasconcelos, beneficiário da instituição desde 1975 e seu cooperador desde Junho de 1986.
Nascido em Leiria em 10 de Março de 1939, era filho de um juiz e ainda familiar do poeta ensaísta e biógrafo Teixeira de Pascoaes. Recebeu a Medalha de Honra da cooperativa em 2008 e o Prémio de Consagração de Carreira em 2013.
Foi um dos nomes mais destacados do Cinema Novo em Portugal, tendo o filme “Perdido por Cem”, de 1973, sido um dos seus maiores e êxitos junto do público.
De uma longa entrevista de carácter autobiográfico feita por José Jorge Letria, nasceu o livro “António Pedro Vasconcelos: Um Cineasta Condenado a Ser Livre”, da Guerra e Paz.
Com reconhecimento do público e de parte da crítica, o realizador fez as longas-metragens “O Lugar do Morto”, em 1984, e “Jaime” em 1999, obtendo com este filme a Concha de Prata do Festival Internacional de cinema de San Sebastian, e, em Portugal os globos de ouro para o melhor filme e melhor realizador. Os seus filmes mais recentes foram “Os Imortais”, de 2003, “Call Girl”, de 2007 e “A Bela e o Paparazzo”, de 2010.
António Pedro Vasconcelos foi dos fundadores da V. O. Filmes, da OPUS Filmes e do Centro Português de Cinema, cooperativa financiada pela Fundação Gulbenkian, que produziu a maior parte dos filmes portugueses das últimas décadas.
Foi ainda chefe de redacção do “Cinéfilo”, revista dirigida por Fernando Lopes e colunista da “Visão”.
Era conhecida a sua intensa actividade cívica, que o levou a tomar activas posições públicas a propósito da situação da TAP e contra a eventual privatização da RTP. Para além disso, foi professor da Escola de Cinema do Conservatório Nacional, tendo sido agraciado por Mário Soares com o grau de grande oficial da Ordem do Infante, em 1992.
António Pedro Vasconcelos foi um elemento muito activo no MASP, durante a candidatura de Mário Soares à Presidência da República. Escreveu ainda alguns livros sobre os temas cívicos que contaram com o seu empenho. Com a chancela da SPA publicou um livro sobre as suas leituras ao longo dos anos. Foi um realizador com uma intensa e criativa actividade intelectual e de cidadania. A SPA endereça à família do realizador o seu pesar solidário, recordando e destacando a riqueza e a diversidade da sua vida e obra.
Lisboa, 6 de Março de 2024