A Assembleia da República vai ter de votar em breve o acordo Ortográfico que, há 10 anos, se encontra no centro de um debate e de uma polémica que não pararam de se agudizar e de se aprofundar, como fica demonstrado na petição com mais de 20 mil assinaturas entregue há poucos dias no parlamento. Sabe-se, entretanto, que o PS rejeita a revogação do acordo, ao contrário de outras forças políticas que aceitam a sua revisão. Entretanto, Cabo Verde irá ter o crioulo como língua oficial e países como o Brasil e Angola estão longe de reforçar a convergência em torno deste tema.
O presidente da SPA foi ouvido duas vezes sobre o tema pela Comissão Parlamentar de Cultura, tendo reconhecido a complexidade do assunto, muito agravada pelo situação editorial, pela aplicação das regras do acordo nas escolas e nas instituições e pela recusa crescente por parte de escritores e jornalistas de aceitarem a vigência do documento.
Entretanto, com base numa consulta interna efectuada em Maio de 2013, a SPA continua a não utilizar as regras do Acordo Ortográfico, tendo em conta que 145 cooperadores manifestaram a sua discordância em relação a ele e só 23 cooperadores se manifestaram a favor. Por ser essa, indiscutivelmente, a vontade maioritária dos cooperadores, a SPA não aplica as regras do Acordo Ortográfico e pode testemunhar a posição de reserva e distanciamento de outras sociedades lusófonas sobre o assunto.
Neste momento, é urgente que a Assembleia da República defina a sua posição, que se conheça sobre o assunto a posição dos restantes países lusófonos e que sejam acautelados os interesses das muitas pessoas e entidades que ele envolve. Certo, neste momento, é que a situação presente não pode prolongar-se, devendo o poder político assumir plenamente as suas responsabilidades sobre o documento.
Lisboa, 8 de Maio de 2019