O Conselho de Administração da SPA tem uma noção tão exacta quanto possível da gravidade da situação pandémica e da natureza das medidas que a curto prazo será necessário adoptar para corresponder às expectativas e necessidades dos muitos cooperadores que têm estado em contacto regular com a cooperativa.
Após o adiamento e cancelamento de numerosos eventos, como é o caso da gala marcada para o CCB em 26 de Março, o Conselho de Administração mantém em situação de tele-trabalho a grande maioria dos trabalhadores, garantindo a operacionalidade e a devida capacidade de resposta de todos os serviços.
Ao mesmo tempo, o Conselho de Administração projecta no tempo a evolução da pandemia de forma a prever o que ainda poderá ser realizado ao longo do ano, após a indispensável estabilização da crise, dando sempre a conveniente prioridade à situação dos autores e dos trabalhadores.
A SPA tem oito delegações (desde Braga às regiões autónomas) e tem de garantir a sustentabilidade dos postos de trabalho e o integral respeito das suas obrigações que envolvem a área fiscal, os tribunais, as relações, com a banca e muitas outras instituições.
Neste momento, o Conselho de Administração avalia a dimensão das perdas já consumadas e faz as contas inadiáveis para perceber o que o futuro irá ser, tanto no plano institucional como no empresarial. Foi enviada uma carta urgente à ministra da Cultura solicitando a intervenção do governo e o imprescindível apoio à cultura e aos seus criadores e difusores.
Por outro lado, honrando os seus compromissos internacionais, a SPA, que tem a seu cargo a presidência do Grupo Europeu de Sociedades de Autores, com sede em Bruxelas, sabe que as suas congéneres europeias se encontram também, na esmagadora maioria, em regime de tele-trabalho.
As estruturas dirigentes da SPA sabem que depois de ultrapassada a pandemia muito irá mudar na sociedade portuguesa, na sua economia e na ordem das suas prioridades organizativas, funcionais e de solidariedade. Essa dinâmica será aproveitada para melhorar o que puder ser melhorado, reforçando-se também a aposta nas hipóteses de trabalho e cooperação abertas pelas novas tecnologias.
Agora a prioridade é analisar a situação vivida pelos autores e encontrar soluções financeiramente sustentáveis que, sem prejuízo do urgente apoio governamental, permitam fazer face à ansiedade de muitos e ao estado de carência de muitos outros.
O Conselho de Administração, prescindindo da realização de diversos eventos que a pandemia inevitavelmente subalternizou, irá reforçar os valores destinados ao apoio financeiro aos cooperadores e à criação de condições de solidariedade mais activa com aqueles que dela carecem neste contexto de excepção que tanto nos afecta e inquieta.
As decisões tomadas, que representam o reforço do grau de responsabilidade social e assistencial da cooperativa, serão anunciadas com a brevidade possível logo após a reunião de Direcção a realizar nos próximos dias.
A assembleia geral marcada para dia 30 será realizada, em conformidade com o que a lei determina, no final de Junho, decisão já confirmada pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral, Rui Vieira Nery.
Este é um tempo de avaliação e mudança que exige de todos nós serenidade, lucidez e coragem, sempre em nome dos autores e da Cultura, no ano em que a SPA completa 95 anos de existência, estando convicta do seu lugar e da sua responsabilidade na vida nacional, com 26 mil associados de todas as disciplinas mais de 160 trabalhadores.
A SPA e os autores portugueses serão capazes de vencer esta adversidade e de fortalecer a importância do seu contributo para o desenvolvimento da vida nacional que a sua diversificada criatividade tanto enriquece.
Lisboa, 20 de Março de 2020