A SPA recebeu com grande satisfação a notícia de que o cantor-autor, ficcionista Chico Buarque de Holanda foi este ano o distinguido com o Prémio Camões, o mais importante atribuído anualmente em todo o espaço da língua portuguesa e das culturas nacionais a ela associadas.
Chico Buarque, que o público português conhece e admira profundamente há mais de 40 anos, é sobretudo um grande autor de canções (talvez um dos melhores do mundo desde sempre), mas é também o autor reconhecido pelo público e pela crítica de romances como “Estorvo”, “Budapeste” e “Leite Derramado”.
Enquanto dinamizadora de um ambicioso projecto de cooperação lusófona, a SPA congratula-se com a atribuição deste prémio e considera-o mesmo um dos momentos mais altos na história do galardão.
Nascido no Rio de Janeiro em 19 de Junho de 1944, Chico Buarque, filho de um consagrado historiador e académico, esteve exilado em Roma durante a ditadura militar e nos últimos anos apoiou a posição política assumida por Lula da Silva e Dilma Rousseff. Foi também pública a sua oposição ao actual presidente Bolsonaro e às forças políticas que o apoiam.
Em 2017, Chico Buarque foi distinguido em França com o Prémio Roger Caillois pelo conjunto da sua obra literária.
O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e o Primeiro-Ministro António Costa já felicitaram o vencedor, que tornou pública a sua alegria por ter recebido este prémio.
Chico Buarque tem sido sempre, no Brasil, um firme defensor do direito de autor e das sociedades que representam os criadores.
O escritor brasileiro anteriormente premiado foi Raduan Nassar, em 2016.
A SPA felicita calorosamente Chico Buarque pela atribuição do Prémio Camões e formula votos no sentido de que esta distinção reforce no Brasil a importância da cultura na vida colectiva e também para o fortalecimento da democracia, sendo sabido que o país atravessa tempos complexos e incertos. Como a obra de Chico Buarque é um símbolo poderoso da criatividade e da liberdade de expressão, deseja a SPA que este prémio também ajude a preservar e a engrandecer esses valores contra o obscurantismo e a intolerância.
Portugal foi, durante quase cinco décadas, um dos países em que Chico Buarque mais actuou e em que a sua criatividade no domínio do teatro foi também partilhada com diversos públicos.
Lisboa, 22 de Maio de 2019