É com profundo pesar que a Direcção e a Administração da Sociedade Portuguesa de Autores informam o colectivo dos autores portugueses do falecimento do músico e compositor José da Ponte que foi membro da Administração da cooperativa até que uma doença prolongada o afastou do activo, impondo mesmo a sua aposentação por invalidez a partir de meados do ano passado. José da Ponte faleceu no Hospital de S. Francisco Xavier, onde se encontrava internado.
José da Ponte, de 60 anos, deixou uma vasta obra como compositor, tanto na área da música ligeira como no domínio da publicidade, trabalhando em particular com as televisões. Em 2007, José da Ponte assumiu, na SPA, a coordenação de uma estrutura de apoio aos autores e músicos, vindo depois a ser eleito como presidente do Conselho Fiscal da SPA. A partir de 2008 passou a integrar o Conselho de Administração da SPA, já presidido por José Jorge Letria, sendo depois um elemento preponderante em todo o processo de transformação e modernização operado na estrutura da cooperativa. Durante o mandato iniciado em Janeiro de 2011, foi membro destacado da Administração, com responsabilidade na coordenação dos departamentos de Execução Pública e Delegações, Informática e ainda no departamento que coordena todas as áreas não musicais da SPA. Uma doença prolongada afastou-o da actividade plena na cooperativa, acabando por impor várias hospitalizações e o seu falecimento esta madrugada, após muitos meses de sofrimento, e a limitação das condições básicas para uma vida digna e produtiva.
José da Ponte foi co-fundador do grupo “Salada de Frutas”, cujo repertório marcou com o seu talento como músico e compositor, esteve ligado a outras formações, tendo sido também autor de temas como “Lusitana Paixão”, interpretado por Dulce Pontes, que venceu o festival RTP da Canção de 1991. Ao lado de músicos como Luís Pedro Fonseca, recentemente falecido, e Guilherme Inês, foi uma figura central e influente da música portuguesa.
Para além disso, José da Ponte nunca deixou de acompanhar novos talentos interpretativos, sendo um profundo conhecedor do panorama musical português e também um quadro muito respeitado pelo conhecimento que possuia das novas realidades tecnológicas, que nunca deixou de acompanhar.
O Conselho de Administração, na dolorosa hora da partida, faz questão de salientar as suas grandes qualidades profissionais e humanas e a profunda dedicação que sempre teve à SPA e ao esforço pela sua modernização e adaptação aos desafios impostos pelas novas realidades. Mesmo doente, José da Ponte nunca deixou, embora fortemente condicionado, de acompanhar os combates da cooperativa pela criação de uma legislação adequada à defesa dos autores portugueses.
José da Ponte, atingido por uma doença prolongada e incapacitante, deixa nos funcionários e dirigentes da SPA e no colectivo dos autores portugueses uma profunda saudade e respeito por tudo aquilo que deu a esta instituição, associando a sua intensa actividade criativa a um profundo conhecimento das questões técnicas ligadas à gestão e ao conhecimento do Direito de Autor.
A Direcção e o Conselho de Administração da SPA, gratos por tudo o que José da Ponte deu à cooperativa dos autores portugueses, manifesta o seu pesar e solidariedade à família de José da Ponte, e, em particular, a Clara, sua mulher e a Rita, sua filha.
O corpo de José da Ponte, numa despedida simbólica àquela que foi durante anos a sua casa profissional e a sua instituição de referência, foi velado, na sala-galeria Carlos Paredes, no edifício II, da Rua Gonçalves Crespo, partindo no dia 30 de Janeiro, para Silves, sua terra natal, onde foi sepultado. A Administração da cooperativa esteve presente nesse acto.
No início do novo mandato, a Direcção da SPA e o seu Conselho de Administração testemunham a sua tristeza e o profundo sentimento de perda pela partida de alguém que, durante anos, consolidou fortes laços de amizade e dedicação a uma causa comum, e respeito pelos autores e por quem sempre os quis e soube representar.
José da Ponte foi um quadro activo e fundamental na vida da SPA e como tal será recordado nos momentos e circunstâncias próprios, com saudade e admiração. A SPA e a vida cultural portuguesa ficam mais pobres e mais tristes com esta inesperada despedida.
Lisboa, 31 de Janeiro de 2015